NAFRI-DH realiza IX WAMAI destacando o “Abril Indígena” no Cesmac

Programação aconteceu em Maceió, Arapiraca e Palmeira dos Índios

28/04/2022 às 11h20

O Núcleo Acadêmico Afro, Indígena e Direitos Humanos (NAFRI-DH), do Cesmac, promoveu o IX WAMAI - Workshop Acadêmico, em alusão as comemorações do “Abril Indígena”. A programação contemplou atividades no Cesmac Maceió e também na Faculdade Cesmac do Agreste (Arapiraca) e Faculdade Cesmac do Sertão (Palmeira dos Índios). As atividades do evento começaram no Campus de Palmeira dos Índios e teve continuidade em Arapiraca, sendo concluindo no Campus do Cesmac Maceió. Na última quarta (20), o evento contou coma a presença de mais de 150 participantes, incluindo estudantes e docentes vinculados aos cursos de Direito, Medicina, Serviço Social, Psicologia, Biomedicina, Farmácia, Nutrição, Odontologia, Fisioterapia e Enfermagem. Contou ainda com representantes de movimentos sociais e estudantes do curso de Serviço Social da Universidade Federal de Alagoas (UFAL).
O tema do evento foi “Direitos, demandas da população indígena nos territórios e política do governo Bolsonaro”. Os expositores da temática foram: Prof. Dr. Jorge Vieira, coordenador do NAFRI-DH e Prof. Dr. Sandro Lobo (Curso de Direito de Palmeira dos Índios e docente da equipe NAFRI-DH). Também fizeram parte da composição da mesa, na condição de debatedoras, a Profa. Dra. Cristiane Monteiro, do curso de Medicina e coordenadora do MEDNAFRI - projeto de extensão), além da advogada indígena da etnia Evylin Bulhões.

O Prof. Jorge Vieira destacou durante o evento o papel do Cesmac no debate acadêmico sobre as questões étnicos-raciais e a decisão em criar o NAFRI quando Alagoas completou 200 anos. “Os avanços do Núcleo nas áreas de pesquisa, extensão, ensino e produções acadêmicas nos últimos anos, inclusive a Revista para divulgação das experiências são de suma importância para todo esse processo.  Sem falar no papel do Núcleo no trabalho de apoio realizado junto as comunidades indígenas em Alagoas, para viabilizar os direitos conquistados, especialmente as lutas pela demarcação dos territórios e por políticas públicas”, afirmou. Já o docente Sandro Lobo deu ênfase a trajetória de luta dos povos indígena no Nordeste, inclusive, falando da própria história pessoal como advogado e militante pela demarcação das terras. “Lembro do processo de violência e genocídio vivenciado por esses povos, desde a origem no Brasil e que, infelizmente, o cenário se repete em pleno século XXI, com estímulo do governo federal. Então, vive-se uma grande contradição, pois o Estado que deve proteger a população e garantir direitos, tem sido responsável por estimular violências, invasão dos territórios pelo grande capital e mortes de lideranças”, ressaltou.

Segundo a Profa. Dra. Cristiane Monteiro, as vivências com proporcionadas pelo projeto de extensão reforçam a importância dessas iniciativas. “A experiência do MEDNAFRI nas comunidades indígenas, trabalhando a política de saúde com informação sobre promoção e prevenção à saúde, mas também, realizando práticas assistenciais nas comunidades, o que tem contribuído para redução de morbidades. Ao falar da experiência, também dou ênfase ao apoio institucional do Cesmac ao trabalho realizado pelo Núcleo, tanto nas práticas assistenciais em saúde, quanto nas áreas de extensão e pesquisa”, enfatiza. A indígena Evylin Bulhões falou da experiência pessoal e reconhecimento da identidade étnica ao atuar como monitora do NAFRI-DH. “ As experiências ricas que tive com povos indígenas de Alagoas, Pernambuco (sua origem fuliô), Brasil e, ainda, com população chilena, quando participei de Congresso Internacional, juntamente com os professores Sandro e Jorge, apresentando a experiência do NAFRI, foi de grande relevância e contribuição para mim”, relatou.
Durante o evento, os professores Jorge e Sandro fizeram uma análise de conjuntura, destacando o cenário de retrocesso vivenciado no Brasil no governo Bolsonaro, com paralisação da demarcação dos territórios indígenas, refletindo no desenvolvimento de uma política genocida, que favorece a invasão do garimpo, desmatamento, mortes por Covid-19 e a negação dos direitos e políticas, negando todo processos de resistência, políticas e direitos garantidos legalmente.

Para as organizadoras do IX WAMAI em Maceió, as professoras Fernanda Ferreira e Quitéria Ferreira (docentes do NAFRI-DH), realizar o evento na semana do “Abril Indígena”, envolvendo os três Campus do Cesmac (Palmeira, Arapiraca e Maceió), foi essencial para evidenciar a dimensão do trabalho do Núcleo, que envolve a realização de práticas acadêmicas e sociais junto a população indígena em todo Estado de Alagoas. Reforçaram a importância das práticas interdisciplinares desenvolvidas pelo NAFRI-DH, que envolvem os cursos de Direitos, de todas as áreas da saúde e das ciências sociais, exatas e humanas. “Todas as noites de programação do IX WAMAI contaram com a participação de lideranças indígenas nas mesas de exposição, garantindo “lugar de fala” dos sujeitos na Semana do ‘Abril Indígena’”, concluíram ainda as docentes.